THIAGO KÖCHE OPINIÕES AO VENTO.
O ato de começar a trabalhar com política de fato mudou minha vida. Seria talvez exagero dizer que “abriu meus olhos”, mas se não foi isso, foi algo muito parecido.
Confesso que vivendo uma vida de classe média numa cidade de descendência alemã preconceituosa, conservadora e de muito reacionarismo, eu já fui um alienado. Achava Arnaldo Jabor genial, Jornal Nacional referência e Jô Soares importante. Nunca julguei ou critiquei cotas, bolsas, auxílios aos mais necessitados, inclusive sempre votei no Partido dos Trabalhadores. Mas sim, não conseguia ver a vida além da janela do meu quarto, ou além do que a grande mídia me informava ao entrar na minha casa, seja pela televisão ou pelo jornal Zero Hora. A cercada e fortificada casa que morei, os shoppings que frequentei os redutos “de segurança” me fizeram um enclausurado incapacitado de ver a vida como ela é, e como ela estava melhorando, pouco a pouco, com o passar dos anos. Era um tipo aqueles revoltados de sofás que vemos atualmente, protestando e berrando muito nas redes, mas não sai de seu (ou meu) confortável sofá com seu (ou meu) moderno notebook em seu (ou meu) colo. Não conhece a realidade, mas critica-a muito, sem ter propriedade para julgá-la.
Teve época que queria me mudar daqui achando que o Brasil não tinha jeito, desejando viver em outro país. Tolices da adolescência.
Me formei em cinema na UNISINOS em 2008 (que fique claro aqui, financiado pelo meu pai através do FIES, ou seja, apesar de não ser de classe baixa, se não fosse o governo, talvez não estivesse aonde estou). Pipocando entre produtoras, trabalhos e mídias diferentes (televisão, publicidade, cinema), trabalhei em diversos setores. Em 2010, meu ex-professor Beto Rodrigues me convidou para voltar para a Panda Filmes (no qual tinha trabalhado em 2008) para produzir a campanha de Tarso Genro para governador do estado do Rio Grande do Sul. Aos poucos fui tentando entender a política além do que o ódio generalizado com políticos pregava. E felizmente, fizemos um trabalho exemplar e muito bem sucedido: primeira eleição em primeiro turno de um governador por aqui.
Comecei a ver a realidade das mudanças que houve no Brasil com os governos Lula e Dilma nas andanças pelo interior do Estado, tanto pela então campanha de 2010 quanto de quando fui chamado para compor o Gabinete Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul como videomaker em 2011 (após a vitória de Tarso Genro), função no qual exerço até hoje. E vi também as reais mudanças que o governo Tarso fez de 2011 até 2014. Eu vi, eu presenciei, eu filmei. Ninguém me disse (muito menos uma mídia com clara e não declarada visão de mundo), eu vi. Muitas cidades, muitas comunidades, muitos bairros pobres, muitas pessoas e realidades conheci. E muita gente vive melhor.
Parei com o mesmismo de “político não presta, ‘só no Brasil’, a saúde é uma merda, a educação tá jogada às traças”. Ao ver in loco que a vida das pessoas de quem mais precisavam de fato mudou, e juntamente comecei a ver outras formas de me informar, por outros meios que não os que dominam com um ódio com a política que só fortalece aqueles que querem enfraquecer a democracia como Veja, Zero Hora, Globo etc, perante seus interesses políticos e econômicos. Comecei a ler outras fontes, tanto impressas, quanto televisivas, radiofônicas e principalmente pela democratização da mídia que a internet proporcionou com blogs, redes sociais e etc. E isso, com certeza, assusta quem quer dominar e doutrinar uma aversão das pessoas com a vida política que só fortalece os interesses daqueles que fazem a má política, ou os maus políticos. João Ubaldo Ribeiro me ensinou que não existe ser contra a política. A vida é a política, e vice-versa. Se você não se interessa e não participa da política, quem governa e teoricamente, segundo o julgamento dessa pessoa, faz uma má política, só vai continuar fazendo-a se não interferimos de fato no processo democrático aqui estabelecido (de pouco tempo, aliás). A democracia capitalista é a melhor forma de vivermos numa sociedade civilizada apresentada até então – e quem propõe entregar o poder para instituições financeiras, privatizando e entregando o poder aos empresários, não pode ter refletido ou pensado em que realidade perversa viveríamos se este tipo de política fosse estabelecida. O capitalismo dentro da democracia já é perverso, se ele dominar a vida política por completo, será mais polarizado a má distribuição de renda e será dado pouca importância aos que mais precisam na ponta extrema debaixo. Inclusive tentaram estabelecer aqui no Rio Grande do Sul este tipo de governo, nas gestões Britto e Yeda. Mas não conseguiram.
A realidade das pessoas, desde os que mais precisam até os afortunados, melhorou. Mudou. E eu mudei muito ao conviver com tudo isso.
Nessas andanças de caminhadas, carreatas, comícios, atos, jantas, comitês, inaugurações entre tantas outras atividades políticas, muito aprendi. Muito anotei. Sou uma pessoa totalmente diferente daquela anterior ao me interessar na política, e consequentemente, na vida. Sim, me tornei uma pessoa de esquerda, com muito orgulho. Já diria a Celi Pinto, cientista política da UFRGS: política tem lado, e essa coisa de “centro, pra frente” é ladainha. Ou você tem uma ideologia de esquerda, ou de direita, e não há demérito em nenhum dos dois. Mas você tem sim que ter um modo de pensar na política. Ser pra frente, ou de centro, não diz muito, ou talvez não diga nada.
Ontem, dia 3 de agosto de 2014, foi um dia marcante pra essa minha nova vida e “carreira” política. Fomos numa janta de noite, idealizado pelo Secretário-Geral de Governo Vinicius Wu (mais conhecido por mim como chefe) com a presença de Edegar Pretto (candidato a Deputado Estadual pelo PT) e Henrique Fontana (candidato a Deputado Federal pelo PT). Um bate-papo que fortaleceu muito o que penso e o que quero, junto com aqueles que acreditam num Brasil melhor.
Edegar Pretto é dos movimentos sociais, desde os da capital quanto do interior. Muito relacionado ao MST. E por ser do interior, com as andanças estado adentro em plena campanha, disse: “eu vi, na extrema ponta do Rio Grande, aonde estrada de chão e balsas nos separavam daqueles que visitamos, a vida daquelas pessoas que precisavam de mudanças de fato mudar. Os pequenos agricultores agora tem irrigação, tem trator, tem até carro pra si! E agradecem muito o que o governo Dilma e Tarso tem feito. Inclusive um vereador do PP (partido que propõe uma forte oposição ao nosso atual mandato) de Garruchos veio me dizer que apoia a Unidade Popular pelo Rio Grande, por perceber que a vida no interior e de quem mais precisa de fato mudou”. Isso tudo provém do forte investimento que o governo Tarso fez na agricultura familiar e do interior, dando financiamentos com baixíssimos juros para compra de equipamentos de plantação, irrigação, colheita etc. Isso aumenta a produção do pequeno agricultor, sua renda, e o pagamento destas parcelas fica irrisória perante o maior lucro que ele produz agora. Isso eu também vi, ninguém me disse. Só procurar os vídeos que produzo ou os vídeos produzidos pela Secretaria de Comunicação do Estado.
Fontana lembrou: “nunca o Estado do RS havia investido 12% do seu orçamento em saúde”. Aliás, o engraxate que costuma dar brilho em meus sapatos aqui na frente do Palácio Piratini me disse que descobriu que tem uma doença pulmonar. Eu perguntei: tem tido dificuldades para ser tratado? Ele me respondeu: “Que nada! É uma maravilha! O agendamento é super tranquilo, recebo os remédios que tenho que tomar gratuitamente, que são muito caros e fui atendido rapidamente e muito bem. Não tenho o que reclamar do SUS. Quem reclama do SUS é que não utiliza”. Engraçado perceber isso: quem critica o SUS nunca visitou um hospital público, nem nunca precisou de um pronto atendimento, depende dos hospitais e dos sistemas de saúdes privados. Critica sem conhecer, ou nem procurar informar-se sobre. Superficialismo ao seu limite. Também, ao visitar muitas escolas públicas, percebo que os professores estão felizes, na sua grande maioria. Basta ver o governador visitando qualquer escola no estado e a forma como ele é recebido. Havia grupo no Cpers-Sindicato que vociferava que o Tarso não pagou o piso. Não pagou. Não pagou e deu o maior aumento de salário dos professores da história da educação gaúcha, nenhum professor/a recebe menos que o piso. Qual o fundamento, então, da reclamação? Fontana lembrou: “o governo Tarso deu um aumento de 76% no salário dos professores. O maior aumento da história do estado. O governo Yeda havia dado 6%! É pouco, os professores merecem muito mais. Mas é um grande avanço”. Também quem critica a educação pública nunca frequentou ou sequer entrou numa escola municipal/estadual (muito menos conversou com um educador público), e vive dizendo que o governo não oferece educação. Mas esquece que nunca houve tantas universidades federais, tantos institutos de educação, tantos técnicos, tantas pessoas estudando pelo Pronatec, tantas bolsas de financiamento de faculdades e tantas bolsas do ProUni. Essa pessoa pode quem sabe até ter usado um destes caminhos oferecidos pelo governo para a capacitação profissional, mas talvez, por sua limitação racional, não percebeu que utilizava um sistema gratuito oferecido pelo seu país, estado ou município.
Esse mesmo tipo de alienado pela grande mídia de direita também critica o Bolsa Família, sem nunca saber o que é a dor e o sofrimento de passar fome, dizendo que tem que “ensinar a pescar e não dar o peixe”. Pepe Mujica, presidente do Uruguai, já disse: “Os setores proprietários dizem que não se deve dar o peixe, mas ensinar as pessoas a pescar; mas quando destroçamos seu barco, roubamos sua vara e tiramos seus anzóis, é preciso começar dando-lhes o peixe”. É aquele mesmo limitado que reclama de corrupção, mas não pensa nos milhões que o país perde quando ele sonega impostos (isso não é corrupção?).
Esse mesmo coxinha não acha ruim quando recebe o Ciência Sem Fronteiras para estudar no exterior. Critica cotas raciais, mas nunca refletiu que tem mais negros na obra do lado da faculdade do que dentro da sala de aula, e também diz que não tem racismo no Brasil, mas afirma que tem mesmo que amarrar e espancar esses “pretos bandidos” em postes. Porque uma repórter com índole questionável disse na TV e na internet que justiça tem que ser feita com as próprias mãos. A falta de conteúdo da sociedade raivosa e reacionária chega a provocar risos de tão supérflua – não há argumento algum. Somente ódio e discursos decorados. Esse pessoal, se questionado, fica sem argumentos muito facilmente. É algo do tipo da proposta da oposição que se apresenta no Estado, a Ana Amélia Lemos, que tem muito slogan, mas pouca proposta: só ouvir um debate entre governadores para perceber o despreparo político e o amadorismo da polarização que tenta travar o inegável avanço que o Rio Grande o Brasil contempla. Chegou a ser covardia a aula de política e de debate que Tarso Genro deu em Ana Amélia no último debate na Rádio Guaíba. A candidata do PP estava nervosa e toda hora interrompia as falas de Tarso, afinal nunca participou de um grande debate e não estava preparada. Tarso respondeu: “isso aqui não é a RBS”.
Sem papas na língua, Fontana lembrou que a corrupção existe sim no PT, mas como em diversos outros partidos, e como diversos outros setores da sociedade, afinal a política é um espelho da população. Disse também que há mais gente que quer fazer a boa política do que a má política, e pontuou a reforma política como reforma mãe para de fato vencermos o atual sistema política que segundo o deputado federal está falido, e no qual aquele que vos escreve concorda (e também acho que a reforma do judiciário e tributária são tão essenciais quanto). Só assim podemos evitar esses políticos que põem seus interesses acima dos interesses da sociedade continuar dominando cadeiras importantes na política. “O financiamento público de campanha é uma das soluções para uma igualdade na disputa eleitoral no qual aquele que tem as melhores propostas vença, e não aquele que tem orçamento mais gordo para sua campanha, e depois estará comprometido com empresas privadas que nada buscam além do lucro financeiro e lugares cativos em secretarias”.
O Brasil está aí, firme e forte. O Rio Grande também. É só ir às ruas para perceber que de fato o Brasil é um país mais rico, melhor e mais igualitário desde que o Partido dos Trabalhadores tomou a frente. Ainda não vivemos no país ideal, longe disso. Mas muito melhorou.
Tente informar-se com quem usa dos benefícios sociais brasileiros e perceber que nunca houve tanta moradia própria, tanta educação pública básica, fundamental, técnica e superior, tantos leitos e atendimentos e hospitais, tanto aumento no salário dos professores no Estado, tanto crescimento industrial e econômico. Quantas pessoas saíram da miséria extrema, entraram na classe média, não passam mais fome e tem educação. Ou quem critica sabe o que é passar fome, não ter educação, renda e viver em situações de sobrevivência? O Brasil hoje é um país forte, rico e de referência. Ou alguém imaginava isso naquela época de violência e obscurantismo dos governos FHCs? De devedores, transformamo-nos em credores do FMI. Lembro, quando adolescente, ler em jornais que o Brasil nunca pagaria esta dívida. Pagou (e quem diz que trocar a dívida externa pela interna foi burrice sabe muito pouco ou quase nada de economia). E hoje somos a 7ª economia no mundo! O Brasil está melhor, para os ricos e para os pobres. E principalmente para quem precisa mais que os outros!
Só não vê quem não quer enxergar.E sim, Thiago Köche não fica em cima do muro. Eu sou de esquerda, eu sou LULA, eu sou Olívio, sou Tarso, sou PT. Com muito orgulho.

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