O momento traumático vivido pelo país durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff do PT em 2016 teve personagens, eventos populares, seções institucionais, torcedores prós e contras, campanha midiática ideológica, e desfecho prático, tanto quanto, elitista!... Quero aqui, como pessoa que gosta de acompanhar a conjuntura, fazer uma analise séria, com base inclusive no que ponderaram figuras respeitáveis do mundo jurídico, institucional, filosófico, teórico, jornalístico, artístico – da intelectualidade Nacional – afirmando que o impeachment foi um “golpe”!
Antes da abertura do processo, já havia uma conjuntura de problemas sociais muito graves e outros fatores interlaçados, mas também um ciclo de muitas e importantes conquistas sociais: havia sim uma crise econômica – desemprego; inflação; falência e perda de lucro de empresas; queda da produção (PIB – Produto Interno Bruto); redução do poder de consumo da população (...), porém, queda de popularidade, investigações, inflação, crise política instituci onal não são motivos para o impedimento do mandato de um/a Chefe de Estado eleito/a pela população!... Porém, tudo isso são coisas periódicas do mundo da cultura – de ideologia capitalista!
O Site Pragmatismo Político (http://www. pragmatismopolitico.com.br) em duas das suas matérias editoriais de março de 2015 (um educador) e 2016, antes da primeira votação do impeachment analisa a sua legalidade, e o caráter “golpista” do que estaria sendo feito com a presidenta Dilma Rousseff. Falando do papel “poderoso”, cita uma frase do Joseph Pulitzer, inspirador do principal prêmio de imprensa e literatura nos EUA: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma“. Logicamente vários sites e especialistas comentaram falando e escrevendo, a favor e contra o assunto.
Mario Sergio Cortella - filósofo ”Mestre em Educação, orientado por Paulo Freire (1921-1997), professor, comentarista de rádio e TV, conferencista e escritor”, ao falar do processo de impeachment da Dilma afirma que: “a democracia não é um desejo coletivo do brasileiro”. “No Brasil, o menor sinal de crise, a democracia é colocada em risco”. “Na primeira encrenca, desistimos com certa facilidade da democracia”. Essas afirmações foram feitas no Site: Blog do Francisco Castro (http://www. blogdefranciscocastro.com.br) em 02 de fevereiro de 2016.
A decisão do corpo de jurados – formado por profissionais vindos do México, da França, da Itália, da Espanha, da Costa Rica e dos EUA, aprovada por unanimidade, que "o processo de impeachment, nos termos da decisão de sua admissibilidade pela Câmara dos Deputados e do parecer do Senado Federal, viola todos os princípios do processo democrático e da ordem constitucional brasileira". A conclusão aponta ainda que o processo ocorrido no Brasil violou também a "Convenção Americana de Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, e constitui-se um verdadeiro golpe de Estado" (https://www.brasil247.com/pt/ 247/brasil/245043/Impeachment- de-Dilma-%C3%A9-golpe-de- Estado-conclui-Tribunal- Internacional.htm).
Delfin Neto do PP de São Paulo – histórico político, economista renomado, professor universitário de economia, ex-ministro da Economia, como convidado do programa “Canal Livre” da BAND, em um domingo antes do afastamento da presidenta, disse que: “a atual crise econômica mundial que nos atinge não é a primeira e nem será a ultima, que o capitalismo no seu poder de inovação da produção de produtos contribui para aquecer a venda de produtos, abastecer o mercado, suprir as famílias, e que entre o ciclo produtivo e a crise existe o momen to de baixa de consumo, pois a população depois de abastecida para de comprar e contribui pra reduzir o consumo (...)”. O especialista disse ainda que: “a crise econômica tem o seu lado positivo – vira oportunidade de busca de soluções, e que o exemplo vale para grades e pequenos, inclusive, na vida pessoal”!
O impeachment se deu num processo de discussão com duas faces de argumentação: 1 - que “a presidenta Dilma Rousseff havia cometido crime de responsabilidade através de decretos emitidos e pedaladas fiscais”; 2 - que o impeachment seria “um golpe de estado por via parlamentar”. Os prós alegavam que “o impeachment era previsto pela Constituição Federal, com rito definido pela Suprema Corte (STF)”. Já os contras diziam que “sem haver o dolo – crime pessoal não cabe o afastamento da autoridade maior do País”.
Figuras expressivas, entre elas, ministro do STF e juristas afirmaram de forma direta e comentaram indiretamente que: “impeachment sem base legal é perigo”. Jornalistas, professores de direito, artistas, parlamentares, ambos intelectuais expressivos/as e em grande quantidade afirmaram o “caráter golpista do impeachment” da presidenta Dilma Rousseff. Conversando com advogados que não são do PT, pedi opinião sobre o assunto e afirmaram: “foi golpe mesmo”... Pedi a opinião de algumas pessoas que votaram contra a Dil ma Rousseff em 2014 e foram enfáticas ao responder: “foi golpe”. Fui procurado por diversas pessoas humildes comuns questionando e lamentando pelo que fizeram com a presidenta Dilma. Vi pessoas da direita reconhecendo a integridade pessoal da presidenta Dilma, entre elas FHC no programa Roda Viva da TV Cultura.
A grande imprensa, com raras exceções, mostrou grande poder de mobilização popular e na formação da opinião pública a favor do impeachment, usando argumento sintonizado com o dos parlamentares apelidados de golpistas que votaram o processo, liderados na Câmara Federal por Eduardo Cunha e no Senado Federal por Renan Calheiros, ambos do PMDB e que já estavam com problemas graves e claros na justiça. Diversas instituições internacionais, entre elas a (OEA) e Chefes de Estado, criticaram o caráter golpista do impeachment.
Partidarizaram falsamente: a cultura da corrupção; a crise econômica; e até a Lava Jato, inclusive evitando discutir a falência de um sistema político criado, formatado e mantido por “eles” que o-utilizaram a vida inteira. Ora bola, Eduardo Cunha foi cassado depois que liderou o processo, sendo que os motivos já existiam antes da abertura do processo - Renan Calheiros no finalzinho do período parlamentar de 2016 se se desentendeu com a Justiça, medindo e força com ela chegou a “derrotar” o valioso e poderoso STF, depois que coordenou o processo do impeachment.
Há quem diga que Dilma Rousseff foi afastada por não barrar as investigações contra a corrupção, e que quase todos beneficiados com o impeachment precisam de proteção da justiça, e isso parece verdade absoluta!... Alguns parlamentares federais (...) que pareciam não aderir à ideia do afastamento da presidenta, são acusados popularmente nas redes sociais de “negociação” pessoal em troca dos seus votos. Têm sim, comentários estarrecedores, sobre envolvimento financeiro de entidade empresarial na “busca” do voto de deputados federais indecisos para votar pelo impeachment!< /span>
Depois de “tanto tempo”, o país não melhorou, a crise econômica e a inflação se agravaram, o nono governo faz cortes que atingem a “carne do povão”, e os defensores do impeachment calaram-se, emudeceram como se achasse que “todo mundo é bobo”!... Observem que: a popularidade do presidente Michel Temer é muito baixa; nas pesquisas de opinião pública sobre a corrida presidencial de 2018, os representantes dos principais partidos que lideraram o impeachment (...) são os maiores prej udicados, como quem pode ter dado o chamado, “tiro no pé”!
Laurenço Aguiar: Estudioso da Vida, Aluno das Ciências, Defensor do Interesse Público e dos Direitos Sociais, Militante Socialista forjado no Sindicalismo de Esquerda e nas Lutas Sociais do Campo e da Cidade – estudou oficialmente até a 4ª Série Primária.



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